quinta-feira, 25 de junho de 2009

R E C O R D A R...

(...) na parede da memória a lembrança é o quadro (...)
Belchior

Lembro que uma brincadeira de que gostava muito era fazer de conta que era “professora”. Brincava na despensa um lugar bem apertado ao qual levava um pequeno quadro negro. Era uma disputa, muitas vezes minha irmã queria ser a professora e brigávamos por isso. Foi a partir desta que se manifestou o meu prazer em lecionar. Lembro que minha irmã mais velha folheava com gosto umas revistas “Mundo Jovem” e eu ficava imaginando a maravilha que seria poder ler tudo aquilo. Aos domingos sempre acompanhava meus pais às missas e recordo com clareza que por vezes “fingia” ler aqueles folhetos.
Quando comecei a frequentar o jardim recordo de certa manhã chuvosa na qual não queria ir pra aula de jeito nenhum, acabei jogando minha mochila na poça de barro, pura comédia. Na sala depois de alguns minutos já tínhamos nossos lugares escolhidos e... sentados. Da escola não gostava tanto mas era uma excelente aluna o que me ajudava em muitas situações.
Em um abrir e fechar dos olhos da memória vejo a escola, o corre-corre na hora do lanche, minhas colegas, e é claro, a professora de português. Sempre muito séria entre meio aos livros de literatura. Os exercícios gramaticais era na base do “siga o modelo”. O grande momento era quando recém chegava da escola debruçava-me nos livros e cadernos para fazer os temas. Minha maior alegria foi quando fiz com “gosto” meu primeiro trabalho para a disciplina de ciências. Foi no período do Ensino Médio que comecei a ter “encantamento” sobre a linguagem. Adorava as aulas de português e viajava no mundo dos livros literários. A partir daí surgiu a idéia de prestar vestibular para o curso de Letras.
Em meados de 2002 ingressei no curso de Letras com habilitação em Português e Espanhol e suas respectivas literaturas. Na faculdade, diga-se de passagem, “engolimos teoria” e a prática muitas vezes fica a “ver navios” - apesar dos estágios. Era fantástico poder ir à biblioteca da Faculdade em pleno sábado e ficar lá por horas e horas. Recordo da primeira aula na Faculdade... tudo era novo, forte e tão especial.
Em 2005 surgiu então a oportunidade de especializar-me com o curso de Língua Portuguesa e Literaturas. Foi bastante proveitoso e importante para o meu crescimento profissional e intelectual. Meu trabalho de conclusão de curso foi uma pesquisa bibliográfica. Tive como principal objetivo desenvolver um estudo sobre o ensino e a produção textual a partir de gêneros textuais, baseada nos estudos da lingüística textual. Investiguei o processo em que o ensino da língua materna vinha e ainda continua sofrendo ao longo das décadas. Foi um trabalho em que envolveu muitas discussões e pesquisas direcionadas às concepções da linguagem.
Com o passar dos anos, veio o tempo do trabalho para valer. Meu primeiro passo profissional foi na Escola “Frei André Malinski” no interior de Major Vieira. Com os alunos não tive problemas sofria com a insegurança advinda da falta de experiência. Com o passar do tempo isso foi sendo amenizado.
Fica à sugestão, e a necessidade que os professores estejam abertos a mudanças de metodologias e às novas práticas de sala de aula, para que o ensino de língua materna seja muito mais do que apenas uma disciplina curricular, mas um veículo de comunicação, que apresente ao aluno a capacidade de conhecer e produzir um texto nos mais diferentes gêneros. Atualmente, trabalho na E.E.B “Luiz Davet” com turmas do Ensino Fundamental e no CEJA com Jovens e Adultos.
Mas os anos passam depressa e hoje sinto saudade e guardo tudo como boas recordações...
Ericléia Malicheski.

Meu caminho ao letramento

Meu letramento iniciou ao ouvir minha avó contando seus causos, adorávamos dormir na casa dela, porque sabíamos que antes de deitar ela nos contaria as histórias do compadre macaco, do João grilo e muitas outras.
Em casa tive um outro grande influenciador para meu contato com os livros, meu pai, ele lia e comprava coleções tanto para nos quanto para ele, e mesmo não conhecendo as letras, folheava os livros para tentar adivinhar o que estava escrito, quando não inventava histórias.
Iniciei o primário sabendo ler, e por ser muito ativa e conversadeira queria opinar sobre tudo que fosse relacionado à historias. Também adorava contá-las, lembro-me que quando meus primos e eu nos reuníamos na casa da minha avó, ficamos até tarde inventando histórias de terror. Já no ensino fundamental não tenho muitas lembranças de meus professores, exceto uma da quinta série Profª. Zilma, ela era conhecida na escola como “Diabo loiro” todos os alunos a temiam, mas para mim foi uma excelente professora, pois me motivou a escrever e fez com que o gosto pela leitura aumentasse ainda mais.
No ensino médio não houve grandes mudanças, pois fiz um curso técnico e todas as disciplinas eram voltadas para a área na qual estudávamos. Após me formar , resolvi cursar a faculdade de Letras Português e Espanhol, essa escolha foi motivada pelas minhas conversas de mais ou menos dois anos pela internet, com amigos mexicanos, nas quais aprendi as habilidades do espanhol. Mas ao conhecer as diversas disciplinas do curso de Letras, eu me apaixonei pela cadeira de literatura, graças a um magnífico professor que me fez mergulhar no mais profundo das obras.
Esse passo foi de extrema importância para que eu pudesse realmente compreender o que um conjunto de signos pode causar na vida de quem os decifra. E a cada dia vou desconstruindo e construindo novos conhecimentos, e desvendando mais e mais deste mundo do ser letrado.

Profª. Aline Pires Alzemiro Soares