terça-feira, 30 de junho de 2009




Janira Adriana Prust

Era inverno de 1976 e o humilde casal, Wanda Nely e Albano Prust, recebia o quarto filho, desta vez a segunda menina. Fazia frio naquele mês de junho, e mesmo assim as fraldas estendidas clareavam os varais da pequena comunidade de São Pascoal, Irineópolis –SC.
Os pais, (ele operário em uma serraria e ela dona de casa e diarista) apesar do pouco estudo, também contribuíram para o crescimento intelectual dos filhos, pois sempre liam e buscavam adquirir livros, revistas e jornais. Numa casa que se localizava entre uma escola primária e um cemitério; a caçula cresceu saudável e sempre teve o cuidado e a atenção dos pais e dos irmãos mais velhos. Estes, por sua vez, eram estudiosos e de alguma maneira incentivaram para que Janira se interessasse também. E talvez, tenha sido por isso, ou quem sabe pelas brincadeiras da escolinha de faz -de –conta, que ela fora alfabetizada antes mesmo de chegar à escola real. E quando lá se encontrou, estimulada pelo livro “Barquinho Amarelo” não teve dificuldades com as letras e ainda passou a ajudar os colegas de sala.
Nesta escola havia uma grande sala que chamavam de biblioteca, alguns e intocáveis armários de vidro a rodeavam. Porém, o acesso era restrito e nunca se soube ao certo, para que servia aquele espaço. Mesmo assim, aquele período escolar fora produtivo para a pequena garota. Até que chegou o final da quarta série e aí teria que mudar de escola. Um difícil desafio, já que era bastante tímida. Enfim, com o apoio dos pais, passou a estudar numa escola maior aonde atendiam alunos até o Ensino Médio. No período inicial teve muita dificuldade de se expressar, já que tudo era tão novo..., tão estranho..., tão diferente. Enfrentou os obstáculos e sentiu-se mais à vontade.
Podia-se perceber que nesta escola havia também um espaço que chamavam de biblioteca, porém, na maioria das vezes, permanecia trancada. E somente empréstimos esporádicos eram permitidos. Finalmente, quando inicia o curso de Magistério é que conhece professores que fazem a diferença e que estendem para a escola o estimulo à leitura que a jovem nunca deixou de receber em casa. E é exatamente neste momento que decide rumar para o curso superior de Letras. Na faculdade encontra pessoas maravilhosas entre colegas, professores e duas pessoas em especial: sua amiga e um rapaz, hoje esposo, estimularam e continuam contribuindo, para que a jovem construísse a sua história de leitora.
Ana Claudia Zan

Durante a infância, recordo-me que adorava ir à escola. Era uma doce aventura aprender coisas novas, desvendar mistérios nas histórias que escutava. Eu sempre gostei muito de estudar, de ler, enfim, queria sempre aprender mais e mais. E lia. Lia muito. Freqüentava a biblioteca e considerava-a um “cantinho” da imaginação. Para mim, livros difíceis, (aqueles mais grossos, que ficavam nas prateleiras de turmas avançadas) eram um delicioso desafio, e confesso que li quase 90% daquela biblioteca!
Quando cheguei ao Ensino Médio, as leituras de livros literários tiveram que ceder espaço para o estudo de outras coisas, para os ensaios de teatro e dança. Nessa mesma época descobri a paixão pela Língua Portuguesa e suas vertentes. Peguei gosto pela literatura e representei isso em peças teatrais. Extravasei no teatro!
Nesse mesmo período, aprendi a buscar uma leitura crítica através de revistas, jornais, reportagens, etc. Minha consciência crítica se desenvolveu e aprendi a argumentar e defender minha opinião. Foi maravilhoso! Desenvolvi a escrita, aprendi todos os tipos de texto, e sempre me destaquei no ato da escrita, tendo a maior nota em redação em um dos vestibulares que fiz, sendo que a redação virou notícias de jornais e da internet.
Por medo de sair de casa e ir morar sozinha, abandonei o sonho de fazer Artes Cênicas e fui fazer letras. Desde que cheguei à faculdade, o interesse pela Língua Portuguesa e pela Literatura apenas aumentou. Comecei a ler novamente. Li teorias, livros literários, revistas específicas, críticas literárias, livros técnicos, etc. Minha habilidade na escrita aumentou e se desenvolveu quando comecei a escrever resenhas, meus próprios artigos e ensaios, e retomei um segredo guardado desde o Ensino Médio: Meus poemas.
Confesso que deveria ler mais do que o faço, porém estou dedicando boa parte do meu tempo às pesquisas dos meus projetos finais de curso. Mas estou sempre lendo e escrevendo. Tornei uma pesquisadora da linguagem, e não pretendo parar isso tão cedo.
Memórias

Como ocorreu o meu processo de letramento? Responder a essa pergunta é reviver antigas lembranças, da fase infantil até início da adulta. Onde a família, amigos e alguns professores marcaram esse momento.
Cheguei no município de Canoinhas após a enchente de 1984, aquela que acarretou inúmeros problemas a todo o estado de Santa Catarina. Porque sou filha de policial militar, o qual mudava de domicílio com freqüência. Neste mesmo ano fui alfabetizada na E.E.B. Sagrado Coração de Jesus, com o livro “Barquinho Amarelo”, com a caixa de areia, com cópia de sílabas. Esses momentos passam como flashes em minha cabeça. Ao ingressar no intitulado ginásio (5ª série), tive como professor o senhor Éderson Motta, que me apresentou ao universo literário. Tornando as aulas um ambiente agradabilíssimo de contato com livros, teatro, música, poesia e toda beleza da língua. Ele foi o professor incentivador na minha carreira de professora, que começou em 1997. E isso eu tive a oportunidade de comunicá-lo num encontro educacional há algum tempo atrás. Eu estava bem emocionada neste dia.
Engraçado, mas do ensino médio as lembranças foram apagadas. Talvez, porque não foram marcantes. Já no ingresso no ensino superior veio o encontro com Fahena Porto Horbatchuk, excelente profissional da área e mais uma estimuladora da leitura. Foram quatro anos de contato o qual deixaram saudades. Ela foi o nome de turma na minha formatura em 1999.
Logo após essa etapa, em 2002 eu fiz especialização. E a cada módulo de estudo, um professor, mestre e doutor vem reforçar o gosto da leitura e abrir o leque de conhecimento cultural, que eu levo para a vida. E acredito que a formação do meu caráter e dos meu valores ocorreu com esses bons profissionais que estiveram no meu caminho. Obrigada a todos!

Jalusa Endler S. Reese
E.E.B Irmã Maria Felicitas
16/06/2009
Minha vida escolar

Meus primeiros momentos na escola foram marcados por curiosidades e descobertas. Pensava que poderia aprender tudo de uma só vez, e que iria sobrar bastante tempo para brincar. Passado essa fase, percebi que tudo acontecia em seu tempo certo. Então tomei contato com as primeiras letras, números e a descoberta de um mundo novo, com suas maravilhas em forma de palavras, frases e textos.
Uma vez alfabetizado, realizei um sonho grandioso, que era a habilidade de extrair significado das letras imóveis no papel. Essa capacidade de leitura, fez com que eu pudesse realizar a proeza de ler e trocar revistas de histórias em quadrinhos que tanto me fascinava.
Passado os primeiros anos de estudo, fiquei cada vez mais fascinado pelo mundo das letras e dos livros. Meu Ensino Médio consolidou o meu prazer e amor pelos livros, textos leituras. A partir dessas experiências com o mundo do conhecimento, decidi cursar a faculdade de letras e sinto-me realizado com essa profissão.

Samuel Antônio Ribeiro de Lima
E.E.B Estanislau Schumann
Brincadeira de criança
Às vezes é difícil lembrar, de coisas que aconteceram. Geralmente, lembramos das coisas marcantes, sejam elas boas ou más. Lembro muito de meu pai que já se foi, pois ele era muito rigoroso quanto ir à escola. Um dia ele me disse que o estudo era tudo que ele podia dar de valor a seus filhos, e isto com certeza foi o que me incentivou a voltar para a escola depois de um câncer de mama de minha mãe. Quando eu era pequenina, minha irmã me contava histórias, eu adorava “O patinho feio”, talvez pelo preconceito que ele sofria. Nós gostávamos de brincar de “escolinha” dentro de uma enorme tina de vinho. Provavelmente isto é que me incentivou a ser uma professora. Mais tarde descobri que realmente era isto que eu seria, pois, tinha-me espelhado na professora Cristiane de Língua Portuguesa, uma pessoa maravilhosa, que tratava todos com igualdade e muito carinho. Ela me fez ver que tudo podemos conseguir se realmente quisermos e, eu queria. Hoje, lembro de professores rigorosos que tive e também os entendo. Sei que tudo o que sou como pessoa e profissional, devo a eles. Isto também foi importante, tão importante quanto o primeiro romance lido, “A moreninha” que marcou a fase de minha adolescência. Tudo enfim, marcou e foi um aprendizado para que eu pudesse compreender que o “ensinar” é mais um mero caso, é conviver, partilhar e construir.

Dalva Mirian Moreschi
E.E.B Estanislau Schumann